segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Reflexos do eu

Muito se fala que a vida é curta. É verdade. Diante dos bilhões de anos do universo e da Terra ou mesmo das centenas de milhares de anos de civilização humana nossa passagem é mesmo nanométrica. Mas eu acho que a vida é longa. Até porque já ouvi dizer que o ser humano nos primórdios morria muito cedo (por diversas questões). Hoje vivemos mais quantitativamente. Mas isso não parece significar uma existência melhor, mais leve... ao contrário. Os mais jovens são estimulados a acreditar que ser adulto é melhor. Os mais experientes são estimulados á acreditar que a "juventude" é muito melhor. Fato é que vivemos em um mundo capitalista. O desejo deve ser sempre estimulado e nunca saciado por completo. Baladas, viagens, bailes da terceira idade... entretenimentos gerais que são importantes mas que muitas vezes se tornam prioridades.
Não falo da diversão em oposição ao trabalho, tendo em vista que este também pode ser uma rota alternativa ás questões humanas essenciais. E derepente estamos nús frente á nossa imagem refletida no espelho. E quão repleto é nosso armário, forrado de roupas e fantasias que ocultavam o ser do próprio ser. E o que sobra? Depende. Podemos prestar atenção nas roupas e ali permanecermos. Ou deitar nossos olhares sobre nós mesmos. Mas existem olhares e olhares. Gosto do olhar que liberta. Que alivia o peso. Que leva á descobertas. E nessas olhadelas (sim, pequenas espiadas no meu espelho interno, afinal meus olhares me deixam sem graça, nem sempre gosto de ver em eu mesmo o que reclamo no outro)descobri que a Existência só é curta para quem passou pela vida distraido ou ocupado demais para percebe-la. Passou rápidamente, como um trem do qual preferimos observar do lado de fora.

Sérgio Santos

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